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sexta-feira, 30 de março de 2012

Memória


    Lembro-me de quando te conheci, de quando a Carolina te apresentou como sendo o seu amigo de infância. Passamos toda a tarde juntos, a rir das coisas mais parvas que aconteciam à nossa volta. Lembro-me de tudo o que fizemos e de tudo o que me disseste. Pediste o meu número e ficámos de nos encontrar novamente. Disseste que adoraste a tarde e que querias repetir. Logo no dia a seguir mandaste-me uma mensagem para combinarmos encontrar-nos brevemente e a dizer que já tinhas saudades de cada momento daquela tarde. Passados alguns dias encontrámos nos como combinado. Passamos a tarde juntos e falamos de tudo. Disseste-me palavras que eu nunca esquecerei. Disseste que adoravas estar com uma menina linda que adoravas conhecer melhor. Passámos a encontrar-nos. Todos os dias esperava ansiosamente pelo fim da tarde, pela tua companhia e pelas palavras carinhosas e delicadas que me dizias. Começamos a ficar cada vez mais próximos. Lembro me do dia em que fomos passear, quando me disseste que era linda e que era a rapariga mais querida que alguma vez tinhas conhecido. Foi quando me beijaste. O nosso primeiro beijo! O beijo por que eu esperava tinha acontecido finalmente. Passados uns dias estávamos a namorar. Prometeste que me farias feliz para sempre. Prometeste!
    Fizemos um mês de namoro. Dois e três meses. Namoramos dez meses e nenhuma discussão, nenhum desentendimento. Não podíamos ter uma relação melhor, tudo era perfeito. Depois de todos esses meses juntos começaste com umas conversas estranhas, de como seria se nos tivéssemos de separar, se conseguiríamos manter uma relação à distância ou se tudo acabaria. Comecei a ficar assustada. Já não conseguia imaginar a minha vida sem ti. Durante todos esses meses foste tudo para mim, o meu namorado! Não te podia deixar ir, não te podia perder. Começaste a falar que andavas à procura de uma boa universidade para conseguires seguir o teu curso e que não havia nenhuma em Lisboa e talvez tivesses de ir para longe. Fiquei com medo que me deixasses. Eu queria que tivesses uma boa carreira,  que conseguisses o melhor curso e que para isso tinhas de ir longe, mas tu não me podias fazer isso. Não podias! Estava a acabar o ano, tinhas de decidir para que universidade ias. Fizeste a tua escolha. Foste para uma universidade a duas horas de distância. Tivemos os nossos últimos dias juntos antes de ires, dias cheios de lágrimas. Ainda estávamos juntos e já tinha saudades de cada momento contigo, de cada palavra que me dizias.
    Foste embora. Voltaste, sim voltaste. Fizeste duas horas de viagem para vires ter comigo e agradeço-te por isso.  Voltaste para lá. Ligavas-me todas as noites, contavas-me tudo sobre o teu dia. Ouvia-te, parecia estares muito feliz. As mensagens, os telefonemas, as nossas conversas começaram a ser menos frequentes. Deixaste de me telefonar todos os dias, esquecias-te de mim. Passado alguns dias sem nos falarmos mandaste-me uma mensagem, lamentavas mas o melhor era acabar tudo, não podíamos continuar a ter uma relação a esta distância. O rapaz que me prometera fazer feliz para sempre tinha estragado tudo. Não cumpriu o que me prometera. Não o podia ter feito, não a mim. Podia não precisar de mim mas eu precisava dele.
    Podes não te lembrar de nada disto, mas eu lembro-me. Lembro-me do que sofri por me deixares. Eu lembro-me. Ficaram as memórias de todos os bons e maus momentos que passámos juntos, de todas as palavras pronunciadas. Tu estavas lá onde conheceste mais pessoas, onde viveste a tua vida sem mim. Deixaste-me aqui sem ninguém para me proteger, me beijar, me acariciar. Sem ninguém com quem falar, com quem passar aquelas tardes que eu adorava. Para além de seres o meu namorado eras o meu melhor amigo.

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